O que são opções e como elas funcionam
Sempre que falamos de renda variável, pensamos em ações. As opções são um outro tipo de investimento de renda variável que tem características interessantes e que ajudam a alavancar o portfólio do investidor.
Para entender como uma opção funciona, é interessante que você já entenda um pouco de como ações funcionam. Caso você queira entender um pouco mais, dá uma olhada no post de ações que escrevi aqui no blog.
O que é uma opção
Uma opção (ou contrato de opção) é um tipo de derivativo. Ele leva esse nome porque seu preço deriva (isso é, depende) de outro ativo. Nesse caso, como estamos falando de opção de ações, o preço dela depende o preço da ação.
Ao comprar uma opção, você tem o direito (mas não a obrigação) de comprar ou vender um ativo a um preço especificado até determinada data.
Do outro lado da moeda, existe o lançador da opção, que é quem vende a opção no primeiro momento. Ele tem a obrigação de vender/comprar o ativo caso o dono da opção decida exercer seu direito.
Epa. Peraí. Esse assunto ficou complexo muito rápido. Então vamos partir direto para um exemplo.

Exemplo
Vamos supor que você tem um amigo chamado Neymar que joga futebol muito bem. Você tem certeza que ele vai virar profissional e ser muito famoso.

Hoje ele usa uma chuteira que custa R$200. Caso ele realmente vire profissional, essa chuteira poderia ser leiloada por muito mais dinheiro que isso. Talvez milhares de reais.
Você compraria essa chuteira por R$300? É uma pergunta difícil. Hoje ela vale R$200 e está usada, então não faz muito sentido. Mas caso o Neymar vire um jogador profissional, essa chuteira usada por ele antes da fama pode passar a valer mais de R$5.000 e, nesse caso, comprar por R$300 parece ser um negócio da China.
É aí que entra o conceito de opção.
Imagina você ter um contrato em mãos que te garante o direito de comprar essa chuteira por R$300 até o final de 2022. Caso o Neymar acabe não virando um profissional, não tem problema. É só você optar por não exercer esse contrato, isso é, não compra a chuteira e não gasta os R$300. Agora, se Neymar ficar famoso, você compra a chuteira por R$300 e depois leiloa por um valor muito maior.

Nesse caso, você é o tomador da opção. Você tem o direito, mas não a obrigação de comprar a chuteira. O Neymar é o lançador da opção. Caso você decida exercer o seu direito, o lançador tem a obrigação de vender o ativo.
No mercado financeiro, você consegue comprar e vender esse contrato através do homebroker da sua corretora com alguns cliques.
Características de uma opção
Preço da opção (ou prêmio)
Para você ter o direito de comprar um ativo a um preço X, até a data Y você precisa desembolsar uma quantia. Esse é o preço da opção, também chamado de prêmio.
Voltando ao exemplo do Neymar, é como se você pagasse o Neymar R$10 para ter aquele contrato que garantiria o direito da compra da chuteira por R$300 até 2022.
Preço de exercício (ou strike)
É o preço pelo qual você tem o direito de comprar o ativo (exercer a opção), ao deter o contrato. No caso do Neymar, o preço de exercício é R$300, porque você tem o direito de comprar a chuteira por esse valor.
Data de vencimento

Toda opção é válida até uma certa data. Depois disso, ela “desaparece”. Essa é a data de vencimento. É por isso que dizem que depois do vencimento, a opção vira pó.
No caso do Neymar, a data de vencimento é o final de 2022.
Caso o Neymar só vire profissional em 2023, você já não tem mais o direito de comprar a chuteira dele por R$300, porque a data de vencimento já passou.
Como comprar e vender opções
O investidor não precisa exercer a opção, ou seja, comprar de fato o ativo que ele tem o direito. Ele pode vender esse contrato para uma outra pessoa. No exemplo do Neymar, seria como se você ao invés de comprar a chuteira a R$300 para revender depois, vender o próprio contrato e poupar tempo e esforço.
É importante que você entenda a diferença entre compra e venda de opções e opções de compra ou de venda.
Comprar opção é pagar pelo contrato que te dá o direito de comparar/vender um outro ativo a um determinado preço até determinada data. Esse ato de comprar/vender o ativo através da opção se chama “exercer a opção”.
Quando falamos em vender opções, é o ato de vender esse contrato para outra pessoa.
Tipos de opções
Opções de compra (Call)
Como o nome já diz, te dá o direito de comprar um ativo. É a opção que foi usada no caso do Neymar.
Vamos supor que PETR4 (símbolo da ação preferencial de Petrobras) está cotada a R$25. Digamos que você acredita que essa ação pode subir bastante nos próximos meses e chegar a R$30.
E que por isso, você compra uma opção de compra de PETR4 a R$28 com o prêmio de R$0,05. Parece ilógico comprar um direito de compra com um preço de exercício maior do que o atual, mas foi exatamente o que fizemos no exemplo do Neymar. O objetivo aqui é lucrar caso o preço da ação passe de R$28, porque essa opção vai se valorizar muito mais do que a própria ação.
Se essa ação chegar a R$30, quem investiu na ação quando ela estava a R$25, teve uma rentabilidade de 20%. Assumindo que o prêmio chegou a um valor de R$2.00 nesse caso, o que é bastante plausível, quem investiu na opção por R$0,05 teve uma rentabilidade de 4.000%.
Sim, isso significa que a pessoa que colocou R$200 nessa opção fechou a operação com R$8.000.
Opções de venda (Put)
A put é uma ferramenta capaz de lucrar quando um ativo perde valor. Ela é igual a call, só que na direção contrária.
Vamos supor que PETR4 está cotada a R$25 e você tem motivos para acreditar que o seu valor vá cair no futuro. O que você faz? Compra uma put de PETR4 a R$22, por exemplo. Ela garante que você pode vender PETR4 a R$22 se você quiser. É exatamente o mesmo caso. Parece meio ilógico ter a opção de vender algo que custa R$25 por R$22, mas isso se torna lógico caso PETR4 caia para R$20, por exemplo.
Nesse caso, você pode vender PETR4 a R$22, sendo que o valor de mercado dela é R$20.
O caso da put é um pouco mais complexo do que o da call, porque você pode simplesmente não ter PETR4 para vender, mas você resolve isso vendendo a opção, ao inves de exercê-la.
Opções americanas

O nome parece confundir mais do que ajudar, mas a diferença entre uma opção americana e a européia é o momento que o investidor pode exercê-la.
A americana dá ao comprador o direito de exercer a opção a qualquer momento antes da data de vencimento.
Opções europeias

No caso da européia, o investidor só pode exercer a opção na data de vencimento.
É válido ressaltar que as opções podem ser vendidas antes. A opção européia ou americana dizem respeito ao exercício da opção, não à venda do contrato.
Vantagens
Potencial de retornos expressivos
Opções são muito mais voláteis do que ações. Isso significa que quando uma ação sobe, opções daquela ação tendem a subir muito mais (o mesmo acontece para baixo).
O máximo que se pode perder com opções é 100% do que foi investido (caso ela passe do vencimento). Do lado dos ganhos, não existe máximo que se pode ganhar com opções.
Existem casos onde investidores ganharam mais de 5.000% com opções, em momentos de alta volatilidade de ações, como quando o Pré-Sal foi descoberto.
Baixo custo para investir
As opções custam muito menos do que as ações. Por isso, você consegue investir em opções com muito menos capital.
Exemplo: Hoje (10/01/2019) a ação PETR4 abriu a R$25,26, enquanto a opção de comprar PETR4 a R$28,25 até o dia 20/01/2019 abriu a R$0,06.
Desvantagens
Risco
Quando uma opção passa da data de vencimento, ela perde 100% do seu valor. Isso é bastante impactante para um investidor desavisado. É por isso que opções são consideradas mais arriscadas que ações.
E é por isso também, que se deve investir no máximo uma pequena parcela do patrimônio em opções.
Complexidade

O preço de uma ação varia de acordo com a oferta e a demanda do mercado por aquele papel.
O preço das opções varia de acordo com 6 variáveis (entre elas, o preço da ação). Por isso, é muito mais complexo entender se uma opção está barata ou cara. Isso inclusive rendeu um prêmio nobel para
Fischer Black e Myron Scholes que criaram uma equação para precificar opções.
Conclusão
Opções são um tipo de investimento que tem um potencial de retorno expressivo e que pode ajudar a alavancar a carteira de investimentos do investidor. Além disso, elas permitem que o investidor consiga lucrar quando o ativo sobe, por meio de Calls, mas também quando o ativo perde valor, por meio de Puts.
Por outro lado, as opções podem trazer perdas grandes caso o investidor não entenda o funcionamento delas. É por isso que sempre falam delas como sendo um investimento de alto risco (maior que ações).
#PraPreguiçosoLer
1- Opção é…
Um tipo de derivativo (seu preço deriva do preço de outro ativo) que dá o direito ao dono de comprar (ou vender) um ativo a um determinado preço (preço de exercício) até uma determinada data (data de vencimento).
2- Opções são arriscadas?
Sim. Para se ter uma noção, após a data de vencimento, a opção passa a valer 0, então é possível perder 100% do que se investiu nelas. Por outro lado, elas também são capazes de trazer retornos expressivos.
3- Como funciona?
Você adquire um contrato que te dá direito a comprar ou vender uma ação até uma determinada data. Até aquela data, você pode exercer, ou seja, comprar/vender aquele ativo por aquele preço (se for vantajoso) ou vender a própria opção. Depois daquela data de vencimento, o contrato deixa de valer.
4- Como eu compro uma opção?
Opções são negociadas através do Home Broker da corretora, assim como ações. A diferença é que o código de opções é diferente do que o código das ações.
Entendeu o que é uma opção? Ficou alguma dúvida? Quer saber mais a fundo? Deixa um comentário aqui embaixo.